Selvino Heck, 03 de Setembro de 2021 Fonte: Brasil de Fato/RS
“Será um Grito de milhões. Milhões de gritos e vozes, cabeças, corações e mentes marchando amorosamente no mutirão pela vida” – Foto: Alass Derivas | @derivajornalismo
Há um grito parado no ar. Há mil gritos parados no ar. Há milhões de gritos parados no ar. Assim como Gianfrancesco Guarnieri, em 1973, nos momentos mais duros da ditadura, driblou a censura vigente com uma peça de teatro e deu/propôs UM GRITO PARADO NO AR, em 7 de setembro de 2021, os Gritos vão explodir no vigésimo sétimo GRITO DAS EXCLUÍDAS E DOS EXCLUÍDOS, contra os tiranos, os governos necrófilos e genocidas, a favor da liberdade, do cuidado com a Casa Comum, da democracia e da soberania: ‘VIDA EM PRIMEIRO LUGAR – Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!’
Milhões vão gritar, proclamar, anunciar VIDA EM PRIMEIRO LUGAR. Em primeiríssimo lugar.
Será o Grito das e dos pobres, das oprimidas e dos oprimidos, de trabalhadoras e trabalhadores por direitos, dignidade, cidadania.
Será o Grito do povo brasileiro por saúde – VIVA O SUS! -, no meio de uma pandemia que já roubou quase 600.000 vidas, ante a inação de um governo necrófilo e genocida.
Será o Grito por comida dos milhares, milhões que passam fome: Vacina no braço e comida no prato!
Será o Grito da população em situação de rua, dos sem teto, dos sem terra por moradia, terra e dignidade.
Será o Grito dos desempregados e subempregados, de catadoras e catadores de material reciclável, carrinheiras-os por emprego e trabalho, por renda já, e por uma Economia Solidária.
Será o Grito das negras e dos negros, dos quilombolas, dos indígenas, dos jovens, das mulheres, do povo LGBTQUIA+, na luta por participação popular, por políticas públicas, por soberania e democracia.
Em 7 de setembro, valerão mais que nunca as palavras do educador popular cristão Paulo Freire, do seu livro ‘Pedagogia da Indignação’: “Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.”
Em 7 de setembro, estão todas e todos convidados, todas e todos convocados: nas ruas, nas redes sociais, de todos os jeitos e maneiras, Marchar com os 100 anos de Paulo Freire, a serem celebrados dia 19 de setembro, e dizendo, gritando, alto e bom som, como ele disse e escreveu quando viu a marcha do MST em 1977, um pouco antes de sua morte: “Que bom seria se outras marchas se seguissem à sua. A marcha dos desempregados, dos injustiçados, dos que protestam contra a impunidade, dos que clamam contra a violência, contra a mentira e o desrespeito. A marcha dos sem teto, dos sem escola, dos sem hospital, dos renegados. A marcha esperançosa dos que sabem que mudar é possível.”
Escreve Nita Freire, em ‘Pedagogia da Indignação’, e fala/grita para nós hoje, 2021, militantes da fé e da política na boa luta: “Quando Paulo viu aquela multidão entrando, altiva e disciplinadamente, na Esplanada dos Ministérios, ficou de pé caminhando de um lado para outro da sala, com os pelos do corpo eriçados, falando para os Sem Terra e não para mim estas palavras carregadas da sua compreensão perante o mundo: ‘É isso minha gente, gente do povo, gente brasileira. Esse Brasil é de todos e de todas nós. Vamos em frente, na luta sem violência, na resistência consciente, com determinação tomá-lo para construirmos, solidariamente, o país de todos e de todas os/as que aqui nasceram ou a ele se juntaram para engrandecê-lo. Esse país não pode continuar sendo o de poucos… Lutemos pela democratização desse país. Marchem, gente do nosso país…”.
Este Grito e este 7 de setembro de 2021 serão denúncia, anúncio, profecia, fé na vida, fé no homem, fé na mulher, fé no sonho, fé na utopia. Marchar e esperançar freireanamente.
Ninguém pode estar longe ou fora, cristãos e não cristãos, gente de todas as crenças e religiões, ou sem crença, todas e todos convidados, convocados. Será um Grito de milhões. Milhões de gritos e vozes, cabeças, corações e mentes marchando amorosamente no mutirão pela vida, por justiça, paz e fraternidade.
E rezarão todas e todos, cantarão, louvarão com a oração e hino do Papa Francisco, ‘Oração cristã com a Criação’, da Encíclica Laudato Sì: “Os pobres e a terra estão bradando: / Senhor, tomai-nos / sob o vosso poder e a vossa luz / para proteger cada vida, para preparar um futuro melhor / para que venha o vosso Reino / de justiça, paz, amor e beleza./ Louvado sejais! Amém. “
PS. Com todos os cuidados sanitários e de segurança, o Grito acontecerá em diferentes cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil. Em Porto Alegre, o Grito acontecerá no Espelho D’Água no Parque da Redenção: 11h, celebração macroecumênica; 12h30, almoço solidário, com arrecadação de alimentos; 13h30, caminhada Fora Bolsonaro até o Largo Zumbi dos Palmares. Todas e todos convidadas-os.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko