Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha: Uma ode à ancestralidade

Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha: Uma ode à ancestralidade

O Brasil de Fato RS ouviu oito mulheres negras sobre o significado da data e a importância da reflexão
Fabiana Reinholz
Brasil de Fato | Porto Alegre | 23 de Julho de 2021 às 18:07

Em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987, determinando 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – Foto: Janine Moraes | Marcha das Mulheres Negras

As mulheres negras pertencem à maioria da população brasileira (51,8% de mulheres), chefiam mais de 40% dos lares do país, contudo permanecem sendo as mais exploradas e negligenciadas social e economicamente, e são as mais atingidas quando se trata da violência. Como aponta o Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2021, entre as vítimas de feminicídio no último ano, 61,8% eram negras, 36,5% brancas, 0,9% amarelas e 0,9% indígenas. Entre as vítimas dos demais homicídios femininos, 71% eram negras, 28% eram brancas, 0,2% indígenas e 0,8% amarelas.

Na esfera política, apesar do incremento das últimas eleições, sua presença ainda é tímida. Nas eleições de 2020, apenas 8% das negras que se candidataram ao executivo municipal foram eleitas (entre os homens negros, a taxa foi de 9,2%) no país. Os mais votados para as prefeituras foram os homens brancos (19,2% dos candidatos), seguido pelas mulheres brancas, 16,9%.

Com a proximidade do Dia Internacional Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional Tereza de Benguela, celebrado neste dia 25 de julho, o Brasil de Fato RS ouviu oito mulheres negras gaúchas, de diferentes campos, que falaram sobre o significado da data, o contexto atual e a luta contra o racismo.

Confira, abaixo, os depoimentos na íntegra:

Helena Soares Meireles

Arte-educadora, mulher negra e transexual.


“Corpos pretos são capazes de gestar cosmicamente, a partir do compartilhamento de suas experiências e de suas produções, com vistas ao bem-estar do seu povo” / Foto: Katia Marko

“O 25 de julho, Dia internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, sem dúvida, é uma data símbolo da resistência das mulheres negras. Contudo, reflito sobre a data, enquanto lugar de representação e autoria das narrativas de uma comunidade preta. E quando falo em representação, refiro-me a oportunidade equânime de espaços de poder, a fim de, por exemplo, pensar melhores e mais eficazes políticas públicas para os 54% da parcela da população brasileira, vítima de um rapto histórico que durou mais de cinco séculos, chamado escravização e com reflexos diretos até hoje, como o genocídio e o epistemicídio.

Segundo a filósofa Katiuscia Ribeiro, o berço da humanidade é africano e matriarcial. A mulher africana é cocriadora, gestora de vidas, de potência. Mas a possibilidade de gestar vida, não é somente dela. Corpos pretos são capazes de gestar cosmicamente, a partir do compartilhamento de suas experiências e de suas produções, com vistas ao bem-estar do seu povo. Um poder que coexiste em homens e mulheres africanos e que é invisibilizado em nome de uma cultura patriarcalmente universal.

Sou fruto da gota de sangue de uma mulher e de um homem. Logo, minha ancestralidade é a soma dessa invenção do Ocidente, que são os gêneros. Por isso, cada vez mais, na busca de um pensar e uma prática afrocentrada, não desmereço a importância da demarcação do dia 25, como símbolo de luta, resistência e celebração da potência que é a mulher negra. Inclusive utilizo-o nessa oportunidade, trazendo tal ponto de vista, com foco no meu meu povo, uma vez que a real liberdade, financeira, cultural, geográfica e econômica, virá a partir de quando nos enxergarmos enquanto um povo, não cedendo ao desejo egoico do Ocidente, de encaixotar a tudo e todos.

Que o 25 de julho possa ser uma data para se refletir onde foi parar toda a potência de uma comunidade, representada e exercida na figura da mulher negra, assim como o porquê as narrativas de tais mulheres não são o sul a serem seguidas. Que a essas mulheres seja dada a oportunidade de ocupar mais espaços de representação e que com isso, as mesmas trabalhem pelo levante da sua família. Pois o alvo é um só: o corpo preto. Um salve a todas Terezas de Benguela desse nosso Brasil!”

Ana Medeiros

Bailaora e mestra de flamenco.


“Graças a tantas antepassadas já trilhamos uma estrada de conquistas, mas o caminho é longo” / Fábio Zambom

“Um olhar profundo na minha identidade como mulher negra aqui no Brasil. Um momento importante de reflexão e luta! E também uma forma de abraçar e admirar todas as minhas irmãs que com valentia, beleza, força e garra fazem as engrenagens dessa America do Sul girar! Somos muitas e é só mais um dia para mostrarmos nossa grandeza! Brilhamos e fazemos a diferença todos os dias.

Percebo que graças a tantas antepassadas já trilhamos uma estrada de conquistas, mas o caminho é longo. Tenho muita fé nessa nova geração, que apesar do retrocesso político e conservador tem força para lutar e brilhar! Acredito que o trabalho é de todos, que assuntos como objetificação do corpo negro, menos valia na cadeia de trabalho e falta de representatividade em todos os setores da sociedade são uma urgência!

O artista tem um papel importante nessa virada de chave, onde um mundo mais igualitário e diverso é imperativo e necessário!”

Isabete Fagundes Almeida

Formada em pedagogia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pós-graduada em Neuropsicopedagogia. É poetisa, escritora, artesã da Rede Ubuntu de Cooperação Solidária e autora do livro “Passeio Poético” (Agbara Edições, 2020).


“As mulheres negras sempre estiveram atuantes nos embates, estando escravizadas ou não, desde os primórdios da civilização” / Arquivo Pessoal

“Esta data representa a continuidade das lutas históricas, na sua maioria silenciosa e invisibilizada por quem detém o poder e acesso às informações. As mulheres negras sempre estiveram atuantes nos embates, estando escravizadas ou não, desde os primórdios da civilização.

Vejo cada vez mais crescente as mobilizações das mulheres negras. Acredito que as vivências, reflexões, representatividade e abordagens das denúncias e opressões muito discutidas nesta data tenham contribuído para essa situação.

Apesar de continuar na base da pirâmide social, a mulher negra nunca carregou na sua subjetividade a subalternidade e vem descobrindo novas formas de aquilombamentos para fortalecer as mudanças, diminuir a violência sobre seus corpos e tantas outras formas de injustiças a que são submetidas.”

Abaixo um poema escrito por Isabete pelo Dia Internacional Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional Tereza de Benguela:

Mulheres Guerreiras

Mulheres do século passado lutaram
Merneith, Candaces, Aqualtune, Zacimba Gaba, Tereza de Benguela, Maria Felipa, Dandara, Tia Ciata, Acotirene, Mariana Crioula, Anastacia…

Mulheres desse século lutam!

Nem o silenciamento histórico as intimidam
Nesses conflitos de classe, gênero e raça
que as atormentam em toda a sua existência

Mulheres guerreiras lutam!
Contra todos os processos sociais
que insistem em oprimi-las.

Aguerridas, mantém-se firmes nesses embates
Sempre atuantes em várias insurreições
desde os primórdios da civilização.

Taiasmin Ohnmacht

smin Ohnmachtsicóloga e psicanalista. Mestre em Psicanálise: clínica e cultura (UFRGS). Participou da organização do e-book “Da Vida que Resiste – Vivências de Psicólogas(os) entre a Ditadura e a Democracia” (CRP/RS). Publicou “Ela Conta Ele Canta” (Cidadela), com o poeta Carlos Alberto Soares, e a novela “Visite o Decorado” (Figura de Linguagem). Mantém o blog taiasmin.blogspot.com.


“Enquanto não formos todas alçadas ao lugar de cidadania, precisaremos multiplicar os espaços de denúncia e visibilidade” / Arquivo Pessoal

“A importância do Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é para reconhecer e visibilizar a luta das mulheres negras contra as opressões de gênero e de raça. Luta que têm suas especificidades, que embora enfrente o machismo, difere das lutas das mulheres brancas.

O movimento negro trouxe conquistas e avanços para as pessoas negras, o feminismo negro vai marcar que a posição social que a mulher negra ocupa é ainda mais vulnerável do que a de outras minorias políticas, pois enfrenta trabalhos precários com baixa remuneração e, em geral, ainda é a pessoa responsável por manter sozinha o lar e cuidar dos filhos. Enfrentando também a violência de Estado que, como sabemos, nos atinge não apenas como mulheres, mas também como mães. Enquanto não formos todas alçadas ao lugar de cidadania, precisaremos multiplicar os espaços de denúncia e visibilidade.

É também importante lembrar que o 25 de julho é também o dia de homenagear Tereza de Benguela, líder quilombola do século XVIII, heroína negra que, assim como outras iguais a ela, foram apagadas pela historiografia oficial.”

Reginete Bispo

Socióloga com especialização em Direitos Humanos pela UFRGS e vereadora suplente em Porto Alegre, com o mandato coletivo Vamos Juntas com Reginete Bispo.


“O 25 de julho representa isso, o fortalecimento da luta das mulheres, das mulheres negras, e a articulação, local, nacional e internacional das mulheres negras” / Foto: Ederson Nunes/CMPA

“Em 92, quando ocorre o encontro das Mulheres Negras Latino-Americana e Caribenha, nós, as mulheres negras brasileiras passávamos por um processo de ruptura com a forma de organização do movimento feminista branco a partir de 88, e está no auge de um processo de construção, organização e articulação do movimento feminista negro, das mulheres negras. E esse encontro na República Dominicana representa isso, uma ampliação dessa luta que envolve a América Latina e Caribe, e hoje podemos dizer, o continente africano também.

O 25 de julho tem representado uma articulação das mulheres negras, e representa o avanço da luta das mulheres no Brasil e na América Latina. Hoje, no Brasil, quando se fala em feminismo, tem que falar do feminismo negro. O movimento feminista foi obrigado a incorporar as mulheres negras, ou pelo menos fazer referência à luta das mulheres negras, que têm suas especificidades, suas peculiaridades. O 25 de julho representa isso, o fortalecimento da luta das mulheres, das mulheres negras, e a articulação, local, nacional e internacional das mulheres negras.

No momento, apesar das inúmeras dificuldades, da violência brutal que as mulheres negras sofrem, que o povo negro sofre, especialmente aqui no Brasil, que é histórico, ele define as relações de poder. Então sempre foi dramática a nossa condição. Agora, com um governo ultra-liberal, racista, fascista, com o desmonte das políticas públicas que as mulheres negras começavam a acessar, seja a reforma trabalhista, a previdenciária, o desmonte do SUS, da Assistência Social com a PEC 95, que congela os recursos, isso está afetando diretamente as mulheres negras, que na sua maioria são as chefes de família, são as trabalhadoras domésticas, são as que dependem da estrutura do Estado. Isso vem agravado com a pandemia. Hoje sabemos que a vacina está sendo distribuída de forma desigual, ela chega na classe média alta e chega muito lentamente nas comunidades periféricas, e a gente sabe quem é afetado, são as famílias negras.

Para nós, apesar desse drama que a gente vive, é um momento rico porque na crise de alguns paradigmas, como o que coloca classe como centralidade de tudo e negligencia pautas como as de gênero e de raça, ou tenta colocar essas pautas como algo meramente identitário, a gente vê um movimento de setores progressistas, principalmente da esquerda no sentido de tentar entender isso. E para isso tem que entender a construção das relações de trabalho no Brasil. E se você entender isso vai ver que as mulheres negras estão no centro disso. Embora sejamos a base da pirâmide social, o que está colocado é que hoje é impossível pensar o país, pensar o restabelecimento de um processo democrático, pensar alternativas no campo da esquerda, sem considerar a luta das mulheres negras, a luta do povo negro.

A organização das mulheres negras, já disse a nossa companheira Vilma Reis, tem forçado a esquerda a ir mais à esquerda. As últimas eleições apontaram para isso, a necessidade de repensar, rediscutir as relações de poder no campo da esquerda. E isso durante a pandemia e no pós-pandêmico vai vir com muita força, que para restabelecer a dignidade do povo pobre e trabalhador desse país, temos que partir daquelas que são a base da pirâmide, são excluídas em tudo, e mesmo assim construíram uma bela trajetória de lutas, de resistências, de luta por justiça e liberdade.”

Loma Pereira

Cantora gaúcha de larga trajetória profissional, há mais de 40 anos, foi a homenageada especial no ano 2019 do Prêmio Açorianos de música.


“A mulher negra caminha a passos largos para a concientização massiva das pedagógicas culturais negras” / Arquivo Pessoal

“A comemoração do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha para mim é de emblemático significado porque chama a atenção ao fato de que habitam o mesmo espaço planetário povos e raças diferentes. Infelizmente alguns acreditam na supremacia de sua raça. Datas como está vêm mostrar que erros de cálculo e conscientização precisam de ajustes.

A mulher negra caminha a passos largos para a concientização massiva das pedagógicas culturais negras. Nossas raízes só não viraram pó, graças aos nossos Mestres Griôs, às famílias que puderam se manter unidas e à nossa cultura assimilada pelo homem branco que não nos deixa esquecer todo o legado.”

Angela Antunes

Médica veterinária, servidora pública, diretora do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do RS (Sintergs)


“A luta coletiva e a resistência são fundamentais, não só do movimento de mulheres negras, mas de toda a sociedade” / Carlos Macedo /Divulgação

“Existe todo um contexto de unidade, coletividade e de resistência em torno desta data. Momento de homenagear Tereza de Benguela, de lembrar das nossas ancestrais e de dar visibilidade à luta contra o racismo e a discriminação de gênero. É o julho das pretas, é uma data importante para toda mulher negra, da idosa à menina, mesmo que ela ainda não saiba.

A luta da mulher negra é constante e diária. Um dia uma amiga me disse que a mãe dela sempre falava que ela tinha que ser forte e que ela às vezes cansava de ter que ser forte o tempo todo… muitas de nós se sente assim, às vezes. O atual momento do país é de necessidade de muita união, luta e resistência. A eleição do Bolsonaro e de diversos candidatos conservadores foi desastrosa para a pauta dos direitos humanos. Aumentaram os casos de racismo, de machismo, de homofobia, enfim, um quadro assustador.

Estamos, sem dúvida, ocupando mais espaço, na mídia, em cargos de liderança, na política, embora ainda muito aquém do desejado e do necessário. Ainda há muito a conquistar, muitas barreiras e preconceitos a ultrapassar. A luta coletiva e a resistência são fundamentais, não só do movimento de mulheres negras, mas de toda a sociedade. Angela Davis já disse que quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.”

Nina Fola

Mulher negra, mãe e de terreiro. Socióloga, mestra e doutoranda em Sociologia, bolsista cotista CAPES no PPGS-UFRGS. Especialista em debates sobre racismo estrutural e religioso. Cantora, compositora, percussionista e produtora no grupo AfroEntes e no Atinuke – Coletivo sobre o pensamento de mulheres negras.


“Eu vejo um processo de crescente representações de mulheres, em espaços importantes de fala e de luta. O que queremos é estar no poder, política, econômico e social.” / Arquivo Pessoal

“Dia 25 de julho é uma data criada em 92, em um reunião de mulheres no Caribe, e que trouxe esse contraponto ao 8 de março. Para mim, 25 de julho fala da trajetória das mulheres negras, do pensamento e dos feminismos negros que se originam muito antes, obviamente, mas que se estruturam e se fortalecem no processo de desenvolvimento dessa crítica social que são os feminismos.

A data faz com que a gente pontue que, entre nós mulheres, a questão raça, ela é, talvez, ou quase sempre prioridade. A gente não pode escolher hierarquia de opressões, como diz a Audre Lord, mas raça, principalmente no Brasil e nos países diaspóricos, ela vem primeiro. E portanto a discussão com o feminismo hegemônico, vamos dizer assim, o racismo não é amenizado da forma com que as mulheres negras lutam por essa justiça social.

A data vem para demarcar que as mulheres negras se pensam, se constroem a partir de uma outra realidade, que não é somente pela luta de igualdade no campo do trabalho ou pela queima dos sutiãs, é mais complexo que isso.

Como diz o Kabengele Munanga, o racismo é um crime perfeito. Faço parte de um coletivo, o Atinúkẹ́, há cinco anos e nele começamos a perceber a força das escritas negras e o quanto isso tem fortalecido mulheres. Principalmente a partir das ações afirmativas que inserem mulheres em diversos espaços, não só nos serviços públicos, mas também e principalmente nas universidades.

Penso hoje que temos que ter muito cuidado para que essa figura, mulher negra, não seja apropriada como são todas as nossas lutas, as nossas bandeiras nesse país racista e misógino. Eu espero e desejo que o momento da mulher negra no país não seja somente uma onda, uma moda. Eu vejo um processo de crescente representações de mulheres, em espaços importantes de fala e de luta. O que queremos é estar no poder, político, econômico e social.

Os desafios são sempre muito grandes, pois há a questão da violência e da extrema desigualdade. A nossa questão financeira não é facilmente modificada, pois sempre temos que considerar também o fato de que a nossa trajetória nunca é isolada, nunca se torna por mérito individual. A exemplo disso, quando alcançamos lugares de conquista financeira, não temos um suporte familiar que aumente rápidamente.

Não somos herdeiras de riquezas materiais. Se temos dinheiro, de certa forma, temos que organizar todo um contexto familiar e pessoal. Em outras palavras, não basta uma só de nós alcançar o topo da montanha. Não basta mais esses ícones solitários e nem queremos mais isso. Precisamos que toda nossa população, ou de uma maneira majoritária, possa crescer, ter mais acesso às políticas públicas, à saúde, cultura e à escolarização. É importantíssimo a construção de coletivos, a presença de movimentos sociais que debatam isso, que acolham as pessoas, que estejam disponíveis e trabalhem com a população negra.

Mas eu acho que o mais importantes seria o debate, a desconstrução dos privilégios da branquitude. A racializaçao da população branca. Eu não tenho dúvida que, se o debate sobre a questão racial não perpassar por isso, se a branquitude não se debater enquanto raça, se não se debater enquanto cheia de privilégios e se não encarar isso como um problema que precisa ser resolvido, a gente ainda vai estar no campo de fazer mais do mesmo.”

Sobre a data

Em 1992, na cidade de Santo Domingo, na República Dominicana, no Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criou-se a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, onde definiu-se o dia 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. No Brasil, oficializou-se a data em 2014, quando a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987, determinando o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Tereza de Benguela foi uma mulher quilombola, rainha e chefe de estado, que viveu no século XVIII no Vale do Guaporé. Ela liderou o Quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, que resistiu da década de 1730 até o final do século.

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