Em tempos de retirada de direitos, com a mira no esfacelamento dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, precisamos nós manter atentos e fortes, mas também é necessário falar de ações que colocam o ser humano em primeiro lugar nos quais a valorização do saber fazer é possível.
Assim, os Coletivos de Trabalho do Projeto Economia Solidária com População em Situação de Rua vêm conquistando espaço, principalmente, na Economia Solidária, com o olhar na construção da cidadania e na geração de trabalho e renda de forma digna.
Após um longo período de constituição e fortalecimento de Coletivos, estes já estão maduros para saborear o início dos resultados deste trabalho tão gratificante. Atualmente, os produtos oriundos dos Coletivos, estão sendo comercializando na Feira Orgânica da Contraponto. Lá a troca acontece. Mas essa troca não está limitada do produto para o dinheiro. A troca vai além, neste espaço os coletivos estão mostrando seus trabalhos e, principalmente, que as pessoas de rua têm talentos e também trabalham.
As feiras acontecem às terças-feiras em frente o Contraponto (Campos Central da UFRGS) onde são ofertados produtos orgânicos, produtos de higiene e beleza e brechó. O Coletivo de Porto Alegre, formado pelos Núcleos de Trabalho Educativos da Escola Porto Alegre (EPA), chegam a este local expondo seus trabalhos em papel artesanal, como: cadernos, blocos, livros e na cerâmica com peças lindas, como: fruteiras, frigideiras e outras decorativas.
O Contraponto – Entreposto de Cultura, Saúde e Saber é um espaço de comercialização solidária, situado no Campus Central da UFRGS. Oferece produtos nos segmentos alimentação, privilegiando orgânicos e integrais, artesanato e confecção.
Se buscamos justiça social, o fortalecimento e reconhecimento de formas alternativas de geração de trabalho e renda, em contraponto ao capitalismo precisam ser prestigiadas, valorizadas e consumidas.
Contraponto (Rua Sarmento Leite, 501 – ao lado da FACED)
Terças-feiras
das 9h às 15h
A conquista do espaço na FACED é de extrema importância para o projeto pois além de significar uma maior interação entre a troca de saberes e de culturas entre os alunos e os professores dos diversos cursos universitários com o projeto defendido EPA que consiste em abrigar alunos em situação de vulnerabilidade social máxima oriundos do ensino médio “e que na sua maioria vivem nas ruas da cidade” , fortalece ainda mais os laços já existentes entre as duas instituições de ensino público ,(diga-se de passagem , relação muito estreita com certos cursos como psicologia ,artes e sociais)….
A experiência tem sido muito positiva e por mais que em matéria de comercialização não tenhamos conseguido obter ‘nenhum resultado extraordinário’,(reflexo de uma economia prejudicada pela crise geral), a referência já conquistada pela conquista do espaço e seu uso fruto ,além da divulgação do trabalho exercido pela escola , preenchem muito bem essa lacuna econômica e no final da contas o resultado tem sido satisfatório!
Quando começamos o projeto e colocamos em ação a ” banquinha da EPA”,(como ficou conhecido o projeto na fala dos estudantes locais),a perspectiva era de que iríamos conseguir consolidar o projeto e para tanto necessitaríamos ceder um pouco a mais de nós em nome dessa expectativa….Enfrentamos dias frios, chuvosos e por vezes inapropriados para expor um material sensível como o papel,mas nunca deixamos de estar presentes,nem que fosse somente para demarcar o espaço e honrar os compromissos assumidos com os outros colaboradores da contra-ponto.
Ainda estamos em fase de experimento e conhecimento,mas já conseguimos conquistar um público fiel e o reconhecimento do trabalho. Não é nada fácil conquistar a confiança de um público exigente , observador e detalhista como o que nos prestigia todas as terças-feiras.
A parceria com o CAMP tem sido essencial nessa conjuntura,pois além da infra-estrutura cedida que facilita “e muito ” a vida dos alunos,nos qualificamos s em oficinas onde o aprendizado adquerido nessas reuniões expandem saberes com a argila e com o papel artesanal,dando ao produto final um toque de excelência!
Gostaríamos de agradecer aos oficineiros ,aos professores,aos alunos e a todos que acreditam ser possível a consolidação desse projeto e mesmo sabendo das dificuldades existentes continuam a ser generosos em manter a dignidade do projeto.
Juarez negrão
Diretor presidente da rede macumba de comunicações , aluno do artEPApel e administrador da banca na UFRGS.