ECONOMIA SOLIDÁRIA Nova feira virtual da Rede Ubuntu inicia com campanha solidária

Ao receber um produto da feira de forma gratuita na Região Metropolitana de Porto Alegre, o cliente pode doar alimentos

Marcelo Ferreira – Brasil de Fato | Porto Alegre | 12 de Abril de 2021 às 17:19

Feira virtual vem acompanhada de campanha de arrecadação de alimentos para famílias em vulnerabilidade social da Rede e povos tradicionais

Está aberta mais uma feira virtual da Rede Ubuntu de Cooperação Solidária, que inicia hoje (12) e segue até o dia 21 de abril. Esta é a nona edição da iniciativa que, devido à pandemia e à impossibilidade de realizar feiras presenciais, precisou se reinventar para manter a geração de renda para as mais de 140 famílias empreendedoras que integram a rede.

Nesta edição, a feira virtual vem acompanhada de uma campanha solidária de arrecadação de alimentos. O cliente, ao adquirir um produto dos empreendedores da Rede Ubuntu, pode doar 1 kg ou mais de alimento não perecível para a empresa entregadora, a Tá Na Mão, que é parceira da iniciativa.

A Rede Ubuntu é composta por grupos ligados a povos tradicionais de matriz africana, indígenas, quilombolas, pescadores, camponeses e da economia solidária do Rio Grande do Sul. A feira virtual é uma oportunidade de fazer do ato de consumir algo para além do consumismo. É uma oportunidade de adquirir produtos de economia solidária e antirracista, gerando renda a quem mais precisa.

Esta é a quinta participação de Cláudia Maria dos Santos Sampaio, mais conhecida como Kakau Sampaio, na feira virtual da Rede Ubuntu. Hoje com 51 anos de idade, ela comercializa crochês e bordados, atividade que aprendeu aos 12 anos de idade, mas que há dois anos vem exercendo como ofício principal.

“Há pouco mais de dois anos eu resolvi entrar de cabeça, foi a forma que vi em poder ajudar minha irmã que sofre de depressão. Então criei a Kakau Crocheteria, ela passou a me ajudar nas encomendas e eu ajudá-la no trato da depressão, pois passou a ocupar a cabeça produzindo”, conta Kakau.

Ela celebra a importância da Rede Ubuntu para as famílias empreendedoras. “Me sinto muito feliz em participar não só da feira, mas também dessa Rede, que nos ajuda a ver no dia a dia que nós mulheres negras, empreendedoras, chefes de família, podemos ser o que quisermos, que liberdade é não ter medo.”

A feira oferece artesanato, produtos afro, brechós, serviços e alimentação através de uma página no Facebook, onde os empreendimentos postam seus produtos e serviços. O pagamento é combinado direto com o vendedor, via WhatsApp, e a entrega é gratuita para Porto Alegre e Região Metropolitana.

Campanha de solidariedade

Kakau destaca ainda a campanha solidária “nessa época tão difícil que é viver na pandemia”. Citando o slogan da Rede Ubuntu, “sou porque nós somos”, ela entende que a campanha é colocar em prática o verdadeiro sentido empatia. “Se todos nós nos unirmos, conseguiremos sim fazer o nosso dia a dia e a nossa sociedade muito melhor do que a gente vive hoje”, afirma.

As doações serão entregues para famílias em maior vulnerabilidade da Rede e para povos tradicionais. A campanha busca amenizar a situação de agravamento da pandemia, do aumento do desemprego, do auxílio emergencial reduzido e de outros problemas que estão levando muitas famílias a uma situação de vulnerabilidade alimentar.

Esta já é a segunda campanha solidária promovida pela Rede Ubuntu, em parceria com o Centro de Assessoria Multiprofissional (Camp) e o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma). Na primeira, realizada em março, 17 famílias em maior vulnerabilidade da Rede e a aldeia guarani da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, receberam as cestas básicas.

Cacique Cirilo e indígenas da etnia guarani recebendo as doações coletadas / Reprodução Rede Ubuntu

A Rede

A Rede Ubuntu foi criada em 2018, com o objetivo organizar e constituir espaços de inserção dos grupos que a integram como forma da superação de desigualdades históricas. Além de fomentar feiras, o projeto desenvolve processos formativos fundamentados na educação popular e de articulação com outros atores da economia solidária, visando o fortalecimento das cadeias produtivas, a geração de trabalho e renda, a constituição de arranjos econômicos territoriais de produção, comercialização e consumo solidário.


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Edição: Katia Marko

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