Grécia mostra como esquerda no mundo pode enfrentar ajustes fiscais

João Felício, Presidente da CSI, defende união mundial de forças progressistas em torno do projeto econômico do Syriza

Entre as alternativas para as políticas de ajuste fiscal, destaca Felício, estão o combate à sonegação de impostos, investigação de paraísos fiscais e, sobretudo, tributação mais alta para heranças e cidadãos mais ricos.

Ao enfrentar políticas de austeridade e contestar a dívida com credores internacionais, a Grécia escolhe o caminho mais adequado para recuperar a economia e garantir os direitos sociais da população. Tendo esse exemplo, a esquerda em todo mundo deveria se unir em torno do Syriza para criar um movimento global de enfrentamento às políticas de ajuste fiscal.

Essa é análise de João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT (Centra Única dos Trabalhadores) e primeiro latino-americano a presidir a presidir a CSI (Confederação Sindical Internacional). Em entrevista a Opera Mundi, ele defende a unidade de partidos sociais democráticos e da esquerda em todo mundo para apoiar o momento vivido pelo Syriza na Grécia. Assita ao vídeo:

 

“Está na hora de países europeus e os partidos de esquerda se aliarem e darem um basta a essa situação, fazendo um enfrentando de forma conjunta às políticas de ajuste fiscal. O que está acontecendo na Grécia, com a revolta da população, é a prova mais cabal de que existem caminhos para se resistir ao autoritarismo. Na minha avaliação, o melhor caminho é justamente fazer a unidade da esquerda em nível internacional, em torno daqueles que não concordam com esse tipo de política [de austeridade]”, analisa.

Felício também afirma que as políticas de ajuste fiscal e austeridade não têm surtido efeito para o desenvolvimento econômico dos países. Pelo contrário, geram desemprego e cortes de direitos sociais para grande parte da população.

“Somos [as centrais sindicais] a favor do equilíbrio das contas públicas. No entanto, precisamos discutir quem deve contribuir para esse equilíbrio. Historicamente, sobretudo na Europa, tem-se optado pela retirada de direitos sociais para resolver um problema de caixa dos governos. E isso não tem trazido desenvolvimento econômico. Se faz o ajuste, equilibra as contas, mas se provoca desemprego em massa e retirada de direitos. Isso está acontecendo com a Grécia, Portugal e com todos os países que estão nesse caminho [austeridade]. Para nós, a alternativa não é essa. Precisamos fazer profundas reformas tributárias em todos os países, para que os estados tenham mais recursos para se desenvolver”, afirma.
Entre as alternativas para as políticas de ajuste fiscal, destaca Felício, estão o combate à sonegação de impostos, investigação de paraísos fiscais e, sobretudo, tributação mais alta para heranças e cidadãos mais ricos.
“A alternativa é se libertar dessa visão que impõe aos povos um autoritarismo que os pobres não têm mais condições de aguentar. Assim, podemos questionar profundamente o sistema financeiro, ou seja, a financeirização da riqueza, onde investir na bolsa, nos paraísos fiscais e sonegar impostos se torna mais fácil do que investir na produção. Por isso que as alternativas de enfrentamento colocadas pelo Syriza são as mais adequadas”, diz.

Por: CUT

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