Carta do MTD e do MOTU produzida no Seminário Nacional do MTD em Guararema

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O Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD, e o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos – MOTU, reunidos em meados de abril de 2015, em Guararema, São Paulo, revendo sua caminhada, que é parte da caminhada da classe trabalhadora e refletindo a conjuntura compreendeu e definiu um conjunto de elementos que dizem respeito ao seu caráter, a sua estratégia e a sua mensagem política. Dimensões estas voltadas a sua militância, a classe trabalhadora, a sociedade, ao Estado brasileiro e a solidariedade internacional.

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A primeira afirmação diz respeito ao momento político e econômico da luta de classes no Brasil. O momento é de uma ofensiva imperialista, dirigida pelos EUA e seus aliados da direita brasileira voltados para saquear o nosso futuro, verdadeiros inimigos do povo e da nação. O saque das riquezas naturais, a água, a terra, os minérios e em especial o petróleo, o ouro negro que esta abaixo do sal no fundo do mar.

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Em jogo está uma possibilidade histórica de, pela primeira vez em cinco séculos de Brasil, uma parte gigantesca das riquezas deste país, serem destinadas a um fundo soberano voltado para investir no seu povo. Um povo que é inferiorizado e odiado pelas elites arcaicas, imorais, violentas e intolerantes;

Contra essa onda de ódio e de saque faz-se necessário uma contra-ofensiva que reúna as forças da classe trabalhadora em unidade, na resistência, na defesa e na ampliação dos direitos, sobretudo o direito de desenvolver um Projeto Popular para o Brasil.

Nesse sentido, neste momento, isto significa trabalhar para fortalecer a Plataforma de Lutas que envolve a defesa dos direitos dos trabalhadores, a defesa da democracia, a defesa da Petrobras, a defesa de que sejam punidos todos os corruptos e corruptores e que seja erguida a bandeira da Constituinte exclusiva da Reforma Política como único enfrentamento consequente para a crise política deste país.

Para isso o MTD e o MOTU constroem uma segunda afirmação. Afirma que os trabalhadores e as trabalhadoras que vivem no espaço urbano das periferias das médias e grandes cidades, que lutam ou tenham disposição para lutar, são os sujeitos da jornada deste Projeto. Sujeitos que vivem no cotidiano as contradições da vida das necessidades, as necessidades de creche para as crianças, de escola para os jovens, de transporte para circular, de saúde integral, de saneamento para a dignidade, de casa para habitar, de praça para descansar, de mato e praia para curtir, de trabalho para viver e se desenvolver.

Sujeitos que organizados e em luta, deverão apontar o Estado, como alvo e local a desaguar tantas ofensas contra a vida da classe trabalhadora.

Uma terceira afirmação vem desde o novo batismo do nome, onde claramente as trabalhadoras, as mulheres das periferias, as quais são uma espécie de mistura de valentia e sangue, são convocadas a assumir o comando político organizativo dessa jornada.   Assumir o comando com toda a dignidade e necessidade que tem, em reduzir tantas jornadas de trabalho, em equiparar salários e palavras.

Uma quarta afirmação diz que as palavras precisam vir de milhares de gargantas de todas as faces, etnias, sexualidades, idades, carregadas de conteúdos. Conteúdos que falem da vida como um todo, vida de gente. Gente que tem direitos a renda, a casa, a cinema, a habitação, a biblioteca, a trabalho, a férias.

Um quinto elemento afirmado pelo MTD diz respeito a clareza de que lado se posicionar em uma sociedade que ainda não superou a divisão entre Casa Grande e Senzala. O lado da classe que vive de vender seu tempo por um salário, esta do lado da justiça, da igualdade, da solidariedade em aliança com todas as outras forças, camponesas, populares e sindicais. Engajados no Projeto Popular, no Projeto do Povo, Projeto de libertação dos silêncios, da opressão, da dominação e da exploração.

Todas estas afirmações exigem uma sexta ideia que traz a dimensão de que tudo isto necessita ser nacional, estar de modo unificado na estratégia, nos símbolos, na mensagem de ponta a ponta deste Brasil. Sim haverá de ser tecido símbolos, escrito poemas, desenhado em cores os traços que darão vida a alma coletiva, as simbologias são a alma do movimento social, popular, de massas, feminista, nacional, classista, escrito e cantado em prosa e verso. Precisa de gestos, de práticas, de formação política, de mística, de reflexões, de afetos e razões, de estudos a partir das experiências práticas e tanto mais.

Tendo uma afirmação para cada dia da semana, a sétima ideia traz um sobrenome ao MTD, ao dizer: Direito de Trabalhar! Trabalhar com Direitos! Com esta mensagem alarga-se o tempo, desde o presente com a defesa dos direitos de ontem e de hoje, estendendo ao tempo dos direitos do amanhã.

 

Falo assim sem saudade,

Falo assim por saber

Se muito vale o já feito

Mais vale o que será.

E o que foi feito é preciso

Conhecer para melhor prosseguir.

Falo assim sem tristeza,

Falo por acreditar.

Que é cobrando o que fomos

Que nós iremos crescer.

Outros outubros virão,

Outras manhãs, plenas de sol e de luz.

(Milton Nascimento)

 

Lutamos e lutaremos pelo bom, pelo justo e pelo melhor do mundo (Olga Benário)

 

 

MTD – Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos

MOTU – Movimento Organizado de Trabalhadores (as) Urbanos (as)

Direito de Trabalhar! Trabalhar com Direitos!

Um comentário sobre “Carta do MTD e do MOTU produzida no Seminário Nacional do MTD em Guararema

  1. Movimento maravilhoso, o Brasil precisa de mais movimentos como este, devido a triste realidade histórica do nosso país, como diz uma música cantada por Elis Regina: “O Brasil está matando o Brasil”. Diante de movimentos como este, podemos dizer: “O Brasil está salvando o Brasil”. Parabéns!

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