Em Túnis, governo brasileiro participa do Fórum Social Mundial

A Casa Brasil no Fórum Social Mundial realizou nesta quarta-feira (25) debates cruciais para o evento, que decorre na Tunísia. A primeira mesa tratou dos Diálogos sobre participação social, com a presença de Jeferson Miola, da Assessoria Internacional da Secretaria Geral da Presidência da República. O assessor falou ao Portal Vermelho sobre o evento e sobre o apoio do governo brasileiro a uma missão humanitária à Faixa de Gaza palestina.

Por Moara Crivelente, de Túnis para o Vermelho

 

O Fórum Social Mundial ocorre novamente na capital tunisiana, Túnis, entre os dias 24 e 28 de março. A última edição, em 2013, também aconteceu no país norte-africano, que continua mergulhado em um processo intenso de disputas sociais por mais justiça e liberdade, de construção democrática e de combate ao terrorismo.
Por isso, as mesas realizadas na Casa Brasil tiveram uma saudável amplitude de representações e temas concernentes à luta dos povos por um mundo melhor, por mais participação social e política dos trabalhadores, das mulheres, nos movimentos negros e das diversas manifestações reivindicativas de mais direitos. As mesas foram compostas por representantes de movimentos sociais brasileiros, de Moçambique, da Tunísia, do Chile, de Portugal, entre outros.
Neste sentido, os oradores focaram também no importante processo de construção avaliado em regiões como a América Latina, onde a defesa da democracia contra as ingerências imperialistas e a luta por mais conquistas e direitos são consoantes e constantes.
Em declaração ao Portal Vermelho, Miola ressaltou, por isso, a importância de oportunidades de debates amplos como as oferecidas pelo Fórum Social Mundial (FSM) que, apesar de também enfrentar seus desafios na forma e método de condução, continua oferecendo um ambiente propício à solidariedade internacional entre os povos na luta pela justiça social e pela paz.
“É preciso reconhecer que o Fórum é um espaço de muita vitalidade, de pluralidade e sobretudo de construção de convergências sobre a realidade de cada país e do mundo. Nós aqui pudemos compartilhar uma sensibilidade sobre a realidade brasileira; há uma enorme apreensão dos interlocutores de todo o mundo sobre a situação que enfrenta não só o Brasil, mas também o nosso continente – em particular a Argentina e a Venezuela – como parte de uma circunstância histórica de desestabilização e de necessidade de um reajustamento das economias nacionais face ao prolongamento da crise mundial,” disse o assessor.
Na mesa, Miola havia esclarecido uma posição simplificada sobre o que ficou denominado de “medidas de austeridade” por parte do Governo da presidenta Dilma Rousseff, explicando os esforços empreendidos no agudizar da crise para amortecer seus efeitos no cenário brasileiro, onde milhões de empregos continuaram sendo criados enquanto na Europa e nos EUA mais de 60 milhões foram cortados. Para Miola, a crise é cada vez mais profunda e severa, e suas consequências ainda são ameaças ao desenvolvimento e aos direitos dos trabalhadores. “No nosso caso, preservamos o que são valores para nós: o emprego, a renda, as conquistas do nosso povo nesses últimos 13 anos,” continuou.
Solidariedade ao povo palestino
A Secretaria-Geral da Presidência da República também media o pedido de entrada de uma delegação brasileira – mas à qual ainda devem se somar representantes de outros países – na Faixa de Gaza, bloqueada há quase oito anos. A missão humanitária foi aprovada pelo Conselho Internacional do FSM em novembro de 2014, após os 51 dias de bombardeios israelenses que devastaram o enclave sitiado e mataram mais de 2.200 pessoas.
Ao Vermelho, Miola enfatizou a consistência e clareza da solidariedade do governo brasileiro ao povo palestino em sua luta pela paz e pela libertação, em defesa do seu direito a um Estado independente e soberano, em “rechaço às agressões unilaterais e desproporcionais deferidas pelo Estado de Israel.”
Para a Secretaria Geral da Presidência, disse Miola, a missão humanitária “é um gesto muito importante que revela a enorme preocupação e solidariedade que os palestinos recebem de parte do Fórum Social Mundial e do mundo.”
A delegação brasileira é composta de cerca de 30 representantes de diversos movimentos sociais, inclusive o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) – e ainda espera a adesão de entidades de outros países para a missão humanitária, que decorrerá entre 31 de março e 5 de abril, com visitas a escolas, hospitais, campos de refugiados, sindicatos, pescadores, as famílias mais afetadas e movimentos sociais locais.

*Moara Crivelente é cientista política e jornalista, membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) na assessoria da presidência do Conselho Mundial da Paz.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

9 + 3 =