Neste dia 26 de março, diversas universidades e escolas brasileiras se uniram em marcha nas ruas do país. O Dia Nacional de Luta pela Educação foi chamado pelos movimentos sociais de juventude, grêmios estudantis e setoriais jovens de partidos de esquerda. O objetivo foi pressionar os governos federal, estaduais e municipais sobre os cortes orçamentários para o ensino. O ato de Porto Alegre também cobrou do prefeito José Fortunati (PDT) a implantação do passe livre estudantil.
A concentração do grupo organizado de jovens da capital gaúcha foi no Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho. Por uma hora, os estudantes aguardaram liberação dos alunos em aula para integrarem a marcha. Assim que os seguranças liberaram os portões, a massa saiu e todos se uniram rumo ao Centro da cidade.
O trajeto fechou algumas das principais ruas e atrasou ônibus e motoristas por volta das 9h. A manifestação seguiu pacífica pela Avenida João Pessoa, passando em frente à Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entrando na região central pela Alberto Bins em direção à Avenida Salgado Filho. “Vem, vem pra rua, vem. Sou estudante”, gritavam.
A marcha com cerca de mil estudantes desceu a Avenida Borges com destino ao principal foco da mobilização: a Prefeitura de Porto Alegre. Nesta quinta-feira em que o município completa 243 anos, o prefeito foi cobrado a responder por que não implantou o passe livre reivindicado já desde as manifestações de junho de 2013. “Ô Fortunati, seu salafrário, tá defendendo o lucro do empresário”, cobravam em frente ao Paço Municipal.
“Queremos saber por que não se consolida o passe livre na cidade. Em 2013, tivemos um momento importante para a política brasileira reivindicando pautas históricas, como o passe livre. Foi um momento diverso, mas importante”, afirmou o representante do Grêmio Estudantil do Colégio Ernesto Dornelles, Cristian Nunes.
Dirigentes partidários no ato dos jovens
No carro de som, quadros partidários do PSOL e do PSTU incentivavam a manifestação. “Vocês estão de parabéns por estar dando este exemplo de presente à cidade que está de aniversário hoje”, disse a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) que também aproveitou a oportunidade junto ao carro de som e a juventude para criticar os governos estadual e federal. “Falta giz, falta ginásio e professores nas escolas estaduais. E na mesma semana em que o governador Sartori anuncia contratação de parentes ele anuncia cortes de 30% na área da educação”, criticou.
Representante da Central Sindical e Popular, Conlutas, Erico Correa (PSTU), falou a língua dos estudantes quando ampliou a pauta de críticas ao governo Dilma. “Depois de mais de uma década no poder, o governo não avançou em pautas que lutamos há anos, como a legalização da maconha, do aborto e a criminalização da homofobia”, disse no carro de som angariando aplausos e gritos dos jovens.
Os dirigentes partidários e líderes de movimentos estudantis, entre eles a União Gaúcha de Estudantes Secundaristas e o Coletivo Juntos, se concentraram em discursos de caráter político. Manifestaram-se contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas críticos ao governo e os cortes no Fies e no orçamento geral do Ministério da Educação. No entanto, parte do público mobilizado para o ato não acompanhava as grandes pautas e foi para rua especialmente pelo passe livre.
“Nós ficamos sabendo pelo pessoal que foi avisar do ato na nossa escola e viemos porque somos a favor do passe livre. Temos colegas que dependem de dois ônibus pra chegar na escola e fica muito caro”, explicou Gabriele Figueiredo, aluna do Colégio Estadual Elpídio Ferreira.
Prefeitura recebeu estudantes
Cerca de 20 escolas estaduais liberaram os alunos para participar do protesto, Colégio Júlio de Castilhos, Protásio Alves, Ernesto Dornelles, entre outras. A manifestação permaneceu em frente à Prefeitura até o final da manhã aguardando audiência com o prefeito José Fortunati. Os coletivos enviaram ofício na última terça-feira (24) pedindo para serem recebidos nesta quinta. Passado do meio dia alguns dirigentes dos grêmios estudantis e coletivos de juventude foram recebidos na Prefeitura.
O secretário de Governança, Cesar Busato recebeu os estudantes em nome do prefeito José Fortunati. Ele informou que a prefeitura trabalha junto a Frente Nacional dos Prefeitos para alterar as regras da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) que incide sobre o combustível e a tributação sobre o serviço de transporte coletivo.
Sem uma resposta mais imediata, os estudantes pediram implantação do passe livre de forma parcial aos domingos e feriados. “O governo prometeu dar resposta aos estudantes em 15 dias, após conclusão de estudo pela Empresa de Transporte e Circulação (EPTC). Nós argumentamos que os ônibus já circulam com novo reajuste, não precisa de novo cálculo. Apenas que mais pessoas paguem para quem não pode poder ser contemplado, pelo menos em dias de lazer fora do período de estudo. Mas vamos aguardar”, argumentou Guly Marchant, membro do DCE da UFRGS.