Servidores se reúnem com governo e saem insatisfeitos: “no horizonte, vemos dias sombrios”

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Após mobilizações que duraram toda a manhã desta segunda-feira (03), líderes de sindicatos de servidores se reuniram com o secretário-chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, mas saíram insatisfeitos do encontro. Segundo eles, não houve perspectiva de mudança de atitude em relação ao parcelamento dos salários. Já o secretário disse que o governo não descarta as possibilidades de aumento de impostos e privatização de empresas estatais, mas reiterou que a população não deve “culpar o servidor” pela paralisação.

A reunião durou cerca de uma hora e, na saída, Helenir Schürer, presidente do Sindicato dos Professores estaduais (Cpers) afirmou que, apesar de terem sido recebidos, “não tem nenhuma perspectiva de modificações. Pelo contrário, saio com a percepção de que dias piores virão”, lamentou. Ela ainda afirmou que os servidores julgam que o ajuste fiscal não é a resposta para o fim da crise, mas sim o ataque à sonegação. ” Reafirmamos que a crise que hoje está colocada pode ser superada, mas o problema é que o caminho que o governo está procurando não é de solução, é de agravamento”, criticou.

Sério Arnoud, presidente da Federação Sindical dos Servidores do Rio Grande do Sul (Fessergs) apontou que a “indignação só tende a crescer” diante do quadro atual. “Queremos o pagamento da integralidade. Diálogo é fundamental, mas queremos nossos salários para podermos fazer frente aos nossos compromissos”, afirmou. Da mesma forma, Flávio Berneira, do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs), disse que a perspectiva já era de que o quadro não mudasse. “A tendência é que piore ainda mais. Cobramos a integralização dos nossos salários, mas, no horizonte, vemos dias sombrios, com um apagão nos serviços públicos”, disse, destacando que a greve do dia 18 deve ser “sem precedentes na história”.

Biolchi: “Radicalizar um problema como esse não traz soluções”

O secretário Biolchi foi mais otimista quanto aos resultados da reunião, afirmando que o encontro foi de “nivelamento” de pautas. “O servidor não é o culpado da crise que vivemos. Pagamento da folha pressupõe obrigação de manter o serviço que o estado presta para a população”, disse, destacando que “Radicalizar um problema como esse não traz soluções”. Sobre a ausência do governador em anúncios importantes, Biolchi disse que Sartori “dialoga diariamente” com os servidores e que o anúncio do parcelamento foi feito pelo secretário da Fazenda por se tratar de um “assunto financeiro”.

Embora afirme que o Estado “não quer” adotar uma estratégia de atraso de folha de pagamento, essa medida foi necessária devido ao histórico das finanças gaúchas. “Infelizmente, temos dimensão do que essa greve pode representar e das consequências que pode trazer. Mas não temos instrumento de fato — que é as condições financeiras — pra impedir que ela ocorra. O que não temos é o que gostaríamos de ter são as condições de cumprir com o servidor e fornecedores, que estão em atraso”, garantiu.

Sobre possíveis alternativas, ele disse que caso seja feito um ajuste, teria que ser “para o futuro”. “Não estamos afastando essa hipótese por estado de necessidade que o estado enfrenta, mas não podemos resumir apenas a isso. Se esgotássemos isso sem mexer em questões estruturantes, talvez estaríamos daqui a quatro anos discutindo as mesmas coisas”, disse, destacando que “não dá para jogar a conta em cima do contribuinte”. Sobre a possibilidade de privatização de serviços, Biolchi afirmou não estar descartada. “Não podemos nos precipitar, mas não pode ser feita otimização do serviço de empresas do Estado. Mas não queremos empresas com gastos onde não é preciso”, limitou-se a dizer.

Protesto

Os servidores começaram a protestar às 8h15 em frente ao Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) e rumaram para o Palácio Piratini, onde os líderes foram recebidos pelo governo. Após o encontro, a mobilização se dispersou, sem deixar de chamar diversas vezes para a assembleia que acontecerá no próximo dia 18 e pode culminar em uma greve geral.

Por: Débora Fogliatto, do Sul21

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