Ação que acontece no primeiro sábado de cada mês tem como objetivo fortalecer e diversificar a comercialização local
Por Fabiana Reinholz
Brasil de Fato | Porto Alegre | 05 de Maio de 2022
Quarta edição da feira foi pensada para que o morador compre o presente do Dia das Mães na sua comunidade
“A feira mostra o potencial que a própria comunidade tem, com mulheres e grupos que se organizam desde seus espaços para produzir e buscar uma geração de renda para sua família ou coletivo. A comunidade se encontra e se fortalece nestes espaços”, afirma Daniela Tolfo, integrante do Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP), ONG de educação popular que compõe a Rede Comunitária do Morro da Cruz. É esta rede que realiza, neste sábado (7), véspera dos Dia das Mães, a quarta edição da Feira de Economia Solidária, na Zona Leste de Porto Alegre.
Realizada mensalmente, em todo primeiro sábado do mês, a Rede surgiu em 2021, durante a pandemia. “Fizemos algumas atividades on-line e foi feito um levantamento, diagnóstico do que estava sendo desenvolvido em termos de economia solidária, sobrevivência das pessoas que não estão no mercado formal de trabalho”, explica o integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD/RS), Paulo Becker.
De acordo com ele, apesar de se observar poucos grupos de produção tradicionais da economia solidária no Morro da Cruz, havia a prática de realizar feiras para a comercialização de produtos, pelo fato muitos trabalhadores ganharem sua renda de forma autônoma. “Embora sejam poucas pessoas, poucos grupos na região, o que temos são muitas pessoas que acabam produzindo, tanto alimentos como cucas, pães, pasteis e acabam vendendo na rua, entre os vizinhos”, aponta.
Conforme pontua o ativista, a iniciativa de comercialização a partir das feiras foi o ponto inicial, pois o desafio não era simplesmente fazer feira, mas trabalhar o comércio justo. Ele ressalta que muitas pessoas produzem mas não têm um mercado suficiente para prover uma renda melhor. “A gente não acha que a feira uma vez por mês solucione a vida das pessoas, mas é um ponto de partida para a gente de fato conseguir trabalhar a questão da comercialização”, relata.
Segundo a presidenta da Associação de Moradores do Morro da Cruz (ACOMUZ), Jacy Santos, “a feira é uma rede aberta e todos e todas que vivem vendendo seus produtos, e as entidades que apoiam, são bem vindos para somar”.
A edição deste sábado será das 9h às 17h. Terá espaço de comercialização de produtos locais, celebração inter-religiosa, realização de serviços e atividades culturais, com apresentação do coral da EMEF Prof. Judith Macedo de Araújo.
Sobre a Rede
A Rede Comunitária do Morro da Cruz atualmente é constituída por pessoas e entidades que buscam o desenvolvimento social, cultural e econômico local. Sua organização é horizontal e seus espaços de debate e tomada de decisão são através de grupo de Whatsapp e reuniões semanais.
Atualmente a rede é composta pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD); a Associação de Moradores do Morro da Cruz (ACOMUZ), o Centro de Assessoria Multiprofissional e Profissional (CAMP); a Associação de Mulheres Maria da Glória, Horta Comunitária Morro da Cruz; a EMEF Morro da Cruz e EMEF Prof. Judith Macedo de Araújo.
O CAMP faz a gestão do Projeto Promovendo Cidadania, que é realizado com recursos do governo federal, graças a uma Emenda Parlamentar da deputada Maria do Rosário (PT). “Está quarta edição da feira está voltada para o Dia das Mães, de modo que o morador do Morro da Cruz possa comprar o presente para a mãe na sua própria comunidade, ao invés de ir numa loja do centro da cidade. É dinheiro que circula na comunidade gerando o desenvolvimento local”, destaca Daniela.