Por Selvino Heck em 19 de Agosto de 2022
Fonte: Brasil de Fato/RS
“O Brasil voltou ao Mapa da Fome, de onde tinha saído pela primeira vez em 2014, segundo declaração da FAO/ONU” – Getty Imagens
A fome está em todos os lugares. O Brasil voltou ao Mapa da Fome, de onde tinha saído pela primeira vez em 2014, segundo declaração da FAO/ONU. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), 33,1 milhões de brasileiras e brasileiros vivem em insegurança alimentar grave, ou seja, com fome. “A pobreza chega a recorde de quase 20 milhões nas metrópoles brasileiras. Número de 19,8 milhões é o maior em uma década. O país regrediu para um patamar equivalente ao panorama de miséria e pobreza de 100 anos atrás” (Folhaonline, 08.08.2022).
“Queremos construir um país que não permita que seu povo nem passe fome, nem sede”
Em janeiro de 2022, em reunião virtual no Fórum Social das Resistências (FSR), foi discutida a urgência de articular um movimento nacional contra a fome. Em final de abril, agora em reunião presencial no Fórum Social das Resistências, em Porto Alegre, com participação de movimentos sociais e populares, SEFRAS, Serviço Franciscano de Solidariedade, primeiro inspirador e impulsionador da Frente e da Campanha, e na sua Secretaria Executiva, da Articulação Brasileira de Francisco e Clara, Colegiado de Presidentes dos Conselhos Estaduais de SSAN, MPA, Ação da Cidadania, CONSEA/RS, Movimento Fé e Política, CAMP, Banquetaço, Periferia Viva, Agentes de Pastoral Negros, Coalizão Negra por Direitos, MTD, MST, CUT, ENFOC/CONTAG, MAB, RECID, ASA, Observatório das Metrópoles, entre outras organizações e entidades, foi lançada a Frente Nacional contra a Fome e a Sede.
Junto com o apoio e articulação dos Comitês Populares contra a Fome, das Cozinhas Solidárias e Comunitárias, articuladas pela sociedade civil em todo o Brasil, essencialmente nas periferias, da Conferência Popular nacional de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em andamento, da realização da 8ª Conferência de SSAN no Rio Grande do Sul em julho, com o tema ´A Fome voltou! Medidas Já!´, uma das iniciativas da Frente nacional contra a Fome e a Sede é a Campanha Eu Voto contra a Fome e a Sede nas eleições de 2 de outubro.
Diz o Manifesto da Frente, lançando a Campanha: “Queremos construir um país que não permita que seu povo nem passe fome, nem sede. Queremos o fortalecimento da agricultura urbana, da agricultura familiar camponês e suas produções de alimentos saudáveis com base na agroecologia. Temos o compromisso de refletir e defender projetos que promovam a dignidade humana, possibilitando o acesso a alimentos saudáveis e água potável a todas as pessoas, independente da classe social, a defesa dos nossos biomas e dos territórios dos povos das águas, do campo, das florestas e das cidades. Junto com diversas organizações, defendemos o combate a projetos que almejam aumentar a fome e a sede em nosso país. Em defesa da Soberania Alimentar: EU VOTO CONTRA A FOME E SEDE. Eu vou escolher candidatas e candidatos que vão garantir acesso à alimentação adequada e saudável para toda população brasileira!”
Este é o chamado para a ação: “Construção de Campanha popular pelo voto contra a fome e a sede; inserção em Comitês Populares organizados potencializando o acúmulo na temática da fome e da sede; articulação para ação de redes sociais com chamamento público para fortalecer a campanha.”
Por que votar contra a fome e a sede?
“Votar contra a fome e a sede fortalece a agricultura familiar urbana e camponesa; fortalece a alimentação escolar; votar contra a fome e a sede é votar contra a carestia; é garantir alimentos sem agrotóxicos; é votar na dignidade humana; é promover a agroecologia; é garantir fácil acesso da população a alimentos saudáveis e sustentáveis; é estimular a participação da sociedade civil nas políticas públicas; é apoiar políticas de transferência de renda para a população mais vulnerável; é apoiar a assistência alimentar de marmiteiros solidários e cozinhas populares; é regular os preços dos alimentos, da água e do gás a patamares adequados; é investir em educação alimentar e nutricional adequadas e saudáveis para todas e todos; é ser contra a privatização da Eletrobrás da Petrobrás.”
A Frente nacional encaminha para compromisso e assinatura de todas as candidatas e candidatos em todos os níveis em todo Brasil: “CARTA-COMPROMISSO. Eu, candidata/o…., no Estado de…, comprometo-me, no caso de ser eleita-o, a construir com o conjunto da sociedade civil organizada, movimentos sociais e os Conselhos de políticas públicas, ações legislativas e/ou executivas, e a mobilização social necessária para concretizar as proposições encampadas pela Frente Nacional contra a Fome e Sede como plataforma política apresentada no Documento ´Agenda Betinho 2022´. Dessa forma, assino a presente Carta-Compromisso. Nome e Partido da-o candidata-o. Assinatura. Local. Data. (Informações e contatos da Frente e da Campanha: Frente nacional contra a Fome e Sede; contrafomeesede@gmail.com).
O 28º Grito das-os Excluídas-os, em 7 de setembro, ´VIDA EM PRIMEIRO LUGAR´, será um momento importante de articulação da Frente e da Campanha em muitas cidades e comunidades, como no bairro Partenon, Porto Alegre, a partir das 9h (Concentração na Igreja São José do Murialdo, na rua Vital de Negreiros, 550).
É um mutirão coletivo, militante e solidário. Todas e todos comprometidos com a vida estão chamados, convocados, com fé e coragem, ante a eleição das nossas vidas: estar na rua, manhã, tarde, noite, madrugada. De novo, ENCANTAR A POLÍTICA e ESPERANÇAR.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.