Rio Grande do Sul em alerta contra o avanço da dengue

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Marco Weissheimer

As autoridades sanitárias do Rio Grande do Sul estão intensificando ações para evitar que o Estado ingresse no mapa da epidemia de dengue. Na última segunda-feira (4), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, confirmou que o país enfrenta uma epidemia da doença. Foram 745.957 casos até o dia 18 de abril e esse número deve aumentar. Segundo Chioro, a epidemia está concentrada em sete estados, que tem mais de 300 casos por 100 mil habitantes: São Paulo lidera o ranking da dengue com mais da metade dos casos do país (401 mil). Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraná também registram um quadro de epidemia. Na avaliação do Ministério da Saúde, o aumento dos casos neste ano está associado a condições climáticas, ao agravamento da crise hídrica e ao relaxamento das ações de controle e prevenção em algumas regiões após a redução dos casos da doença em 2014.

No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde acionou esta semana uma força-tarefa de combate à dengue na região Norte do Estado, especialmente nos municípios de Erval Seco e Novo Tiradentes. Essas duas cidades tiveram registrados, até o dia 25 de abril, 95 casos autóctones de dengue (quando a doença é contraída dentro do Estado). No total, o Rio Grande do Sul já teve 456 casos autóctones da doença confirmados este ano. No mesmo período do ano passado, o RS havia registrado 65 casos confirmados da doença, dos quais 44 eram autóctones. Até a última terça-feira, foram confirmados dois casos de morte por dengue o Rio Grande do Sul. A primeira foi uma mulher de 41 anos, em Santo Ângelo. A segunda vítima também foi uma mulher, de 56 anos, no município de Panambi.

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) começou a agir na região Norte para combater o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. Esse trabalho inclui a pulverização de inseticida por agentes de saúde e o borrifamento de inseticida nas áreas onde foram registrados casos de dengue.

Trabalho similar foi iniciado em março na região Noroeste, onde oito municípios tiveram registrados 334 casos autóctones da doença, destacando-se Caibaté (229 casos), Santo Ângelo (55 casos) e Panambi (38 casos). Além da aplicação de inseticida, a força tarefa da Secretaria da Saúde recomenda alguns cuidados simples à população, tais como: tampar caixas d’água, toneis e latões, guardar garrafas vazias viradas para baixo, guardar pneus sob abrigos, não acumular água nos pratos de vasos de plantas e enchê-los com areia, manter desentupidos canos, calhas, toldos e marquises, manter lixeiras fechadas e piscinas tratadas durante o ano inteiro.

A rota do aumento da dengue: crescimento populacional desordenado, falta de saneamento básico, armazenamento inadequado de água para consumo, resíduos sólidos mal destinados e maior facilidade de transporte e locomoção de pessoas e produtos. (Foto: Fiocruz/Divulgação)

Áreas de maior risco

Segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, as duas regiões do Rio Grande do Sul que apresentam maior risco em relação à dengue são Porto Alegre e Região Metropolitana (em função da concentração populacional e do grande trânsito de pessoas, meios de transporte e produtos com o resto do país), e a região Noroeste, especialmente nas áreas de fronteira com a Argentina, onde os municípios mantém contato direto com áreas infestadas daquele país. Entre os fatores que estariam favorecendo a disseminação do vírus no Estado, a Secretaria da Saúde destaca: crescimento populacional desordenado, falta de saneamento básico, armazenamento inadequado de água para consumo, resíduos sólidos mal destinados e maior facilidade de transporte e locomoção de pessoas e produtos.

Em Porto Alegre, ação concentrada no bairro Ipanema

Em Porto Alegre, a Prefeitura decidiu desencadear a partir desta quinta-feira (7) uma ação coordenada de prevenção à dengue no bairro Ipanema, que concentra o maior número de casos da doença em 2015. Até aqui, o bairro já tem sete casos, sendo um importado, cinco autóctones e um em fase final de investigação. O objetivo da ação é integrar diversos serviços municipais para identificar e eliminar situações de risco para a doença, além de orientar a população para as medidas de prevenção e de proteção individual.

Segundo a Prefeitura, desde o início de março, já foram realizados em Ipanema quatro bloqueios de transmissão (para aplicação de inseticida), 3.441 visitas domiciliares, com 1.928 inspeções e 1.513 impedimentos ou recusas. Nessas visitas, os agentes de saúde eliminaram ou trataram 5.043 criadouros do mosquito.

Nos bairros São Geraldo e Jardim Botânico foram confirmados dois casos autóctones e um importado de dengue. Nestes dois bairros, nesta quinta, serão realizados bloqueios de transmissão para aplicação de inseticida, além de visitas domiciliares para a remoção de criadouros e orientação nas áreas com casos. No total, são 42 casos da doença registrados em Porto Alegre, sendo dez autóctones e 32 importados.

São Paulo bate recorde de mortes por dengue

Com 169 mortes confirmadas, o Estado de São Paulo bateu até aqui, em 2015, o recorde de óbitos pela doença, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado esta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo.  Esse é o maior número de vítimas fatais em São Paulo desde 1990, quando começou a ser realizado o balanço oficial. Segundo a mesma fonte, São Paulo responde hoje por 73% das 229 mortes por dengue confirmadas no País. Isso significa que, de cada quatro pessoas que morreram vítimas da doença no Brasil desde janeiro, três moravam no Estado de São Paulo.

Fonte: Sul 21

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