Submissão das mulheres é mais forte no mundo do trabalho

Uma iniciativa das mulheres do CAMP foi realizada com sucesso no dia 31 de março. Foi o Café com Debate promovido pelo grupo feminino da entidade, Mulheres: Ciclo de Lutas. O evento, que reuniu cerca de 30 pessoas, debateu as formas de submissão das mulheres nos dias de hoje.

A atividade iniciou com uma mística, seguida da explicação da coordenadora do CAMP, Daniela Tolfo, sobre a metodologia de construção do Café com Debate com reunião preparatória com todas as mulheres do CAMP. Para instigar as participantes, questionou logo no início quais eram as formas de submissão das mulheres hoje em dia.

Sobre essa questão, foram expressadas diversas opiniões, resultantes de debates feitos em grupos. Padronização da estética, estímulo à sexualidade precoce, culpa pelos problemas familiares, subjugação do trabalho doméstico, divisão sexual do trabalho no mundo público e privado e inserção limitada no mundo político foram algumas questões apresentadas.

Além disso, a falta de apoio do Estado no cuidado dos filhos, doentes e idosos também foram destacados, bem como a falta de participação da sociedade e dos homens na resolução destes problemas. Os valores reproduzidos pela juventude, nos dias de hoje, são egoístas, autoritários e machistas. E o mais agravante disso tudo é que a moral ainda penaliza a mulher por todas essas questões.

As relações de dominação se evidenciam ainda mais no mundo do trabalho. E é por conta disso que foi colocada a necessidade de se lutar pela redução da jornada e por mudanças nos espaços que revelam a submissão como, por exemplo, ambiente de trabalho e trabalho doméstico.

A alienação cultural, fortalecida por práticas naturalizadas, a submissão política, a reprodução do “ser gostosa” feita pela mídia, a aceitação da submissão para não ser discriminada, os padrões reproduzidos através das brincadeiras de criança e seus brinquedos, a desigualdade salarial, a violência psicológica e o corpo sexualizado da mulher negra também foram colocados como formas atuais de submissão feminina.

Gilciane Neves, mais conhecida como Negra Gil, oriunda do Movimento de Mulheres Negras, integrante do movimento da Economia Solidária e do empreendimento Eco Papel falou que, enquanto negra, já nasceu violentada. “Mulher, pobre e negra são características que fazem eu já ter nascido violentada, infelizmente. Nossos filhos já nascem violentados. Não sou valorizada pelo que faço.”

Valéria Calvi, integrante do Levante Popular da Juventude, disse que uma das principais formas da submissão feminina é a violência. “No espaço privado, a criação dos filhos também é uma violação. Quem educa? Como educa? A própria omissão masculina traz consequências como reforçar a responsabilidade das mulheres no cuidado dos filhos.”

Márcia Falcão ressaltou o fato de que as mulheres que estão no mercado de trabalho precisam estar em permanente afirmação. “A própria sociedade reforça o poder masculino. Temos uma remuneração menor. Não somos reconhecidas por sermos donas de casa.”

Muitas respostas surgiram, mas talvez a principal sejam as questões relacionadas ao trabalho. Foi colocada a necessidade de se ampliar os espaços de poder das mulheres, igualar as relações no mercado de trabalho aumentando, assim, a independência feminina. No entanto, por outro lado, fica o questionamento sobre quem cuida dos seus filhos.

Como caminhos para começar a debater e tentar superar essas questões, a conclusão do debate foi a de que se devem aumentar os espaços para fazer este debate com o objetivo de informar, empoderando e encorajando as mulheres através da promoção de serviços e políticas públicas para as mulheres. Foi consenso de que sem trabalho não há autonomia feminina.

Explicar à população da periferia o significado deste problema, fortalecer os movimentos sociais e de mulheres, estudar mais, instigar a sociedade e criar espaços na comunidade para fortalecer a reflexão também foram caminhos aprontados.

Fonte: Assessoria de Comunicação do CAMP

Um comentário sobre “Submissão das mulheres é mais forte no mundo do trabalho

  1. Infelizmente, a discriminação contra a mulher continua muita latente nos dias atuais. Ainda, principalmente nas classes menos favorecidas essa questão se apresenta de forma acentuada.

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